Pesquisar neste blogue

sábado, 18 de fevereiro de 2017

Lamivudina, estrela discreta

(Esta página é uma tradução do original em francês, que pode ser lido aqui.)


Lamivudina, estrela discreta

Por Charles-Edouard!

Novidades de Lionel, da [Ilha de] Reunião, em Triumeq® 1/7 (toma única semanal)


Funciona, funciona !!! E isso, aqui, não nos espanta absolutamente nada! Boa continuação!

Em mim mesmo, o MiniDolu (Tivicay® 1/4 de comprimido quotidiano) funcionou bem (6 meses) mas prefiro garantir o golpe com a pequena Lamivudina, nada antipática; por ora: 50 mg de Tivicay® (DTG) + 300 mg de Lamivudina (3TC), Sábado + Domingo, com o objectivo de concentrar tudo ao Domingo.

É um pouco como aqueles que tomam Triumeq® em 1/7 (DTG 50 mg + Lamivudina 300mg + Abacavir 600mg (!)), certamente, mas sem o Abacavir!...

Mais prático que a fórmula, comprovada, de Leibowitch (quadriterapia em 1/7 : 1 NNRTI + 3 NRTI).

Lamivudina, estrela discreta dos ensaios bem sucedidos


A Lamivudina é um antiretroviral (e um antiviral) genérico. Não falamos da sua cópia versão fluorada (Emtricitabina); que é igual... Os fabricantes continuam a encher-se de somas loucas por um clássico, caído no domínio público.

Ela é reputada de inocente... Reputação provavelmente mal estabelecida, de facto, na medida em que quando quase toda a gente toma Lamivudina (ou a sua sósia) não se pode fazer a distinção: é impossível de distinguir a sua toxicidade da imputada ao vírus ou ao tratamento em geral.

Ela ilustra-se em diversos ensaios recentes, entre os quais: Gardel, Paddle, Lamidol, Dual... As monoterapias (de Tivicay® ou de antiproteases) são satisfatórias, mas conhecem algumas falhas. Pelo contrário, juntemos-lhe a inocente (e pouco cara) Lamivudina, e eis-nos perante um sucesso quase geral.

Fim da resistência à 3TC (M184V)


Tal como o Videx® [didanosina], a sua potência intrínseca é fraca. 1 Log em monoterapia, com desenvolvimento de mutação na posição 184. O vírus mutado continua ainda assim bastante sensível (ca. 0,5 Log), logo, encontramo-la, a ela ou à sua sósia, em TODAS as triterapias clássicas, sem excepção: Atripla®, Stribild®/Genvoya®, Eviplera®, Truvada® + X, Kivexa® + X, faz toda a gente!

Investigadores, surrealistas, avaliaram a sua contribuição de potência em 12% da TRI.

A maior parte dos ensaios têm pacientes sem a M184V. O Prof. Reynes ([ensaio] DOLULAM) observa no entanto que há 10 pacientes (37%) com esta mutação, e funciona também nestes!
É também verdade no [ensaio] MOBIDIP (abaixo). É uma muito boa novidade para os pacientes 'históricos': não lhes devemos mais contrapôr a M184V para lhes interdir um aligeiramento.

PADDLE


Sucesso total em ataque DTG+3TC pelo Dr. Cohen, em Buenos Aires. Anedota saborosa: houve um paciente que teve uma virémia positiva, a qual deveríamos chamar de 'falha virológica'. Ao contrário dos nossos virologistas p(h)arisienses, que o teriam carregado de triterapia de cavalo, o bom Dr. Cohen decide por persistir, e ei-lo recompensado com uma re-supressão.

O Dr. Lanzafame dá-se igualmente bem com os seus ataques em mono de Tivicay® (9 pacientes publicados, e outros que o serão em breve...).

LAMIDOL : Sucesso da manutenção DTG+3TC


É um ensaio da ANRS [NdT: ANRS - agência nacional francesa de investigação sobre vih e hepatites virais], de manutenção, onde em 104 pacientes admitidos, a tomar Tivicay®/Lamivudina quotidianamente, há apenas uma falha virológica intrínseca ([por comparação:] ICCARRE+ANRS-4D = ZERO falhas intrínsecas em 190 pacientes!)
Ao contrário, há falhas no DOMONO (manutenção apenas com DTG), e a grande interrogação que coloca o calcanhar de Aquiles, àqueles e àquelas, castigado(a)s, talvez, por terem tomado Isentress®, Stribild®/Genvoya®.

Se o preço a pagar é juntar Lamivudina, não sai caro. Desde que se elimine definitivamente o Abacavir ou o Tenofovir!

Aqueles que continuam a tomar, para além da fase de ataque, comprimidos com 3 ou 4 agentes de toxicidade acumulada suspeitada (ex. Triumeq®, Stribild®/Genvoya®) fazem de avestruz relativamente aos progressos da farmacopéia e da prática clínica.

MOBIDIP: Manutenção por IP/r + 3TC melhor que IP/r


Apesar do apoio mantido em Salpêtrière [NdT: Hospital em Paris], a monoterapia de manutenção em IP, não dá flores. O ensaio MOBIDIP (ANRS 12286) enterrou-a sem dúvida: o braço de apenas monoterapia teve de ser interrompido (demasiadas falhas virológicas) enquanto que o braço de biterapia continua satisfatório.

O Pr. François Raffi comenta : Uma taxa mais elevada de sucesso que a monoterapia de IP/r apesar da presença da mutação M184V. Com efeito, 97 dos 137 pacientes, no braço IP/r + 3TC, apresentam a mutação M184V (típica da resistência à 3TC).

A conclusão é clara: a manutenção com PI/r mais 3TC está associada a uma elevada taxa de sucesso apesar da presença da M184V, ao passo que a monoterapia PI/r não pode ser recomendada.

Espantar-nos-emos de ver a ANRS nesta aventura. Votada ao fracasso? É fácil dizer à posteriori... Aqui, também, por diversas vezes emiti a opinião de que o ICCARRE é um plano melhor!

Bom... Sobre este caso, a minha posição sai reforçada. MOBIDIP: claquete de fim para a mono de IP.

Para ir mais além, leiam a magia da 3TC, a partir da página 20.

Bom fim-de-semana e vida boa!

Sem comentários:

Enviar um comentário